sábado, 4 de junho de 2011

Pela retomada das ruas.

           Atualmente não tenho pedalado muito, falta de espaço para guardar a magrela, mas meus pés estão coçando, espero em breve retomar esta atividade. Mas nada me impede de ser  solidário com meus amigos ciclitas, desta forma resolvi me manifestar a respeito da ampliação dos espaços físicos e " subjetivos " de quem opta por utilizar meios alternativos de transporte e  lazer. Passado um tempo do grave atropelamento de ciclistas em Porto Alegre , já começamos a ouvir críticas, em relação a posturas agressivas de alguns ciclistas no trânsito. A nossa direita de plantão , principalmente da mídia guasca, adora pegar um ou outro caso isolado para desqualificar todo o movimento.

       Cá entre nós, as ciclovias, não saem do papel em função de um famoso consórcio que a anos vincula empresários e políticos em prol de interesses privados.

       Na minha terra natal Joinville, que não é nenhum paraíso, diga-se de passagem, já eram construidas ciclovias há mais de 20 anos atrás. Como uma cidade como Porto Alegre tão festejada por nós ainda nada saiu do papel? Vale o mesmo para o Aeromóvel e para a ligação fluvial entre POA e Guaíba. Mistério!!!!!   

      Para terminar compartilho o texto do Marcelo postado no site abaixo.

http://vadebici.wordpress.com/2011/04/04/pela-retomada-das-ruas/ 
PELA RETOMADA DAS RUAS
 


                                                                       Tradução: "Reduza: crianças e animais              brincando"                              

Nunca vi uma placa de trânsito como a daí da direita aqui no Brasil e infelizmente, a cada dia que passa é mais raro encontrarmos crianças brincando livres nas ruas e calçadas de nossas cidades. Nos bairros centrais de Porto Alegre, é praticamente impossível encontrar sequer uma criança cujos pais autorizem a brincar na rua. Já nas periferias é mais comum, principalmente pelo menor fluxo de veículos motorizados.
O que isso significa?
A meu ver é bem claro o trânsito intenso de automóveis motorizados torna os espaços públicos perigosos demais não só para crianças e animais, mas para pessoas de todas as idades, que muitas vezes estão arriscando suas vidas simplesmente ao atravessar uma rua. Podemos concluir então que o “direito” que uma pessoa tem de circular de automóvel põe em jogo o direito de toda a sociedade de usufruir dos espaços públicos.




         Porque não, o espaço público não é somente um espaço para circulação. Historicamente, os espaços públicos são espaços de lazer, convívio, de artes, de manifestações populares, de comércio E de circulação. Circulação é apenas um dos possíveis usos das ruas de nossa cidade e, em milhares de anos de civilização, foi somente no último século que as ruas passaram a ser ocupadas por automóveis.
Porém, vem crescendo constantemente a mentalidade de que as ruas são para a circulação de veículos e qualquer outra atividade que interfira no trânsito de carros está interferindo no direito de ir e vir destas pessoas. Este é um pensamento totalmente equivocado. Em primeiro lugar porque o direito fundamental de ir e vir não é o “direito de ir e vir em um automóvel”, o direito estende-se à pessoa, não ao veículo. Em segundo lugar, se uma rua está sendo utilizada por pedestres, por exemplo, e não é possível passar de carro por ali, o indivíduo tem sempre a opção de tomar uma rota alternativa ou ainda estacionar o seu carro e seguir o trajeto a pé ou por outro modal.
                O resultado disto tudo é que estamos ficando cada vez com menos espaço para lazer (recentemente perdemos até um pedaço do Parque Marinha do Brasil para a duplicação da Avenida Beira-Rio), e os espaços que nos restam para nos encontrarmos com nossos amigos, para socializarmos, são locais privados, e de uma forma ou de outra temos que pagar para utilizá-los e ainda temos que seguir regras de conduta que nem sempre respeitam a liberdade dos indivíduos.
Por tudo isso, temos que resgatar os outros usos dos nossos espaços públicos, das ruas e calçadas. Seja em eventos esporádicos, como piqueniques e festas de rua, seja no dia-a-dia, usando a calçada para tomar chimarrão (uma tradição que está se extinguindo em Porto Alegre), seja para jogar uma pelada com a molecada da vizinhança.
                     E existem várias formas de atingirmos essas metas, seja através de atos de Desobediência Civil, como o Reclaim the Streets (Retomar as Ruas – numa tradução livre), através de políticas públicas eficientes como a criação de Zonas 30 e a prioridade aos espaços peatonais, ou através de medidas individuais simples no nosso cotidiano, como colocar umas cadeiras e bancos na calçada e sentar pra conversar com os amigos.
Precisamos transformar nossas cidades em lugares mais agradáveis e lúdicos. Precisamos retomar nossa cidade.