sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As baleias estão chegando!!!



“Quem nunca ouviu falar de Moby Dick, a grande baleia branca que, desde o dia em que arrancou um membro inferior do capitão “perna de pau“ passou a ser caçada nos sete mares por aquele obstinado comandante de uma baleeira?”[1](pag21)  Baseado em uma história real, no naufrágio do baleeiro Essex, que pode ser conferida no livro “No Coração do Mar“ de Nathaniel Philbrick,  da Companhia das Letras..... No filme, a baleia vence a batalha e leva o capitão para o fundo do mar, infelizmente na vida real o final foi diferente, milhões de baleias foram exterminadas e algumas espécies extintas. 
          Animei-me a escrever um pouco sobre o assunto, depois de contemplar mais uma vez o balé das baleias Franca, em frente à praia de Itapirubá/SC, praia que minha família frequenta a mais de 20 anos, porém, somente nos últimos anos este espetáculo vem se repetindo com mais frequência, felizmente! Não sou fotógrafo, além do mais, as baleias não fazem pose, então fica difícil fazer registros melhores, mas, acho que já dá para ter uma ideia. Quem estiver interessado em avistá-las, a temporada começa em junho e vai até novembro.
             Evidentemente, precisa um pouco de esforço, cada dia elas podem estar em um lugar diferente. Ligando para a sede do Projeto Baleia Franca, eles informam a localização exata de alguma baleia e aí, é correr atrás! Existem, ainda, agências que organizam grupos de observação embarcada, o que também é interessante.


             Vamos lá, tomei como referência um livro escrito por um pesquisador baiano, intitulado “Caçadores de Baleia”, que conta um pouco da história da caça a baleias em nosso litoral, desde a chegada dos portugueses até ser proibida, definitivamente, na década de 80. Acho importante conhecermos um pouco desta história para valorizarmos ainda mais os projetos de preservação deste magnífico mamífero marinho.
                  Esta atividade movimentou uma grande economia que, com altos e baixos, resistiu do império até a república, e foi um importante ciclo econômico que ficou desconhecido, diferentemente do Pau- Brasil, da Cana de Açúcar e do Café, dentre outros.
            A pesca da Baleia no Brasil começou cedo, a pirapuêma para os Tupinambás, que muito provavelmente já a caçavam, embora não haja registros históricos. Tudo começou “em agosto de 1602, o rei Felipe III autorizou dois estrangeiros, os biscainhos Pêro de Urecha e seu sócio Julião Miguel a caçarem baleias em costas brasileiras, pelo prazo de dez anos. Assim como o Pau–Brasil, logo a baleia foi considerada pela coroa um peixe real, e havia a necessidade de autorização para empreender a caça ao cetáceo no litoral da  colônia.”(pag33)
  
        As primeiras armações surgem na ilha de Itaparica, e de lá se espalham para todo o litoral do Brasil, para chegar em meados do século XVIII, às águas de Santa Catarina, que ficaria conhecida como área baleeira do Brasil meridional.

           Seu principal produto, o óleo derivado do toucinho, estava voltado para a exportação, porém da baleia nada era desperdiçado, apesar de no início a carne não ser valorizada e só ser destinada aos escravos. No mais, tudo era aproveitado, desde a confecção de espartilhos para senhoras, até na construção civil. Quem conhece o farol de Santa Marta em Laguna? Foi construído com argamassa de óleo de baleia!!  Infelizmente, até hoje ainda é muito valorizada na confecção de cosméticos e seus derivados e na tradição cultural de alguns povos, como Japoneses, Noruegueses, entre outros. Lembram da sopa de barbatana de tubarão? O  problema é  o  mesmo. No Japão acreditam que a carne de baleia é um poderoso afrodisíaco!!! E é um dos poucos países que ainda realiza a caça com fins “científicos”. Me engana que eu   gosto!

Os trabalhos nas armações eram, normalmente, realizados por escravos. “Há relatos que tratam de graves acidentes onde muitos sujeitos ficavam cegos por conta dos pingos ferventes de gordura que salpicavam dos tachos direto para seus olhos. Em outras oportunidades, tachos despencavam de andaimes ou das trempes, situadas acima das fornalhas e derramavam a gordura quente sobre os trabalhadores, acarretando queimaduras gravíssimas nestes indivíduos. (Pag 40)
Para termos uma idéia da devastação, somente uma empresa, a COPESBRA, uma empresa nipo-brasileira, criada em 1910, cuja sede está localizada na Paraíba, abateu em 75 anos de existência, nada menos que 22.000 baleias de todas as espécies, segundo dados da própria empresa. E foi na Paraíba o último local onde a caça continuou até sua proibição em 87.

Podendo medir cerca de 18 metros de comprimento e pesar mais de 60 toneladas, as Baleias Franca (Eubalaena Australis ), foram uma das espécies de baleia mais abundantes em águas brasileiras. Também eram chamadas de “baleias certas“ por serem a espécie mais fácil de matar. As baleias francas foram declaradas sob proteção de tratados internacionais desde 1935. O Brasil, entretanto, ignorou esta proibição e só em 1973 a última estação baleeira do sul do Brasil, em Imbituba, fechou suas portas. Em 1987 a caça à baleia foi proibida definitivamente por lei federal em todo o Brasil. Em 1995, reconhecendo a importância histórica, ecológica e turística da espécie, o Governo de Santa Catarina declarou a Baleia Franca como Monumento Natural do Estado. Em 2000 foi criada por Decreto Federal a APA (área de proteção ambiental da Baleia Franca), entre o sul de Florianópolis e o Balneário de Rincão.

Somos privilegiados por nossa localização mais ao sul do continente e, cada vez mais, podemos avistá-las, porque em Salvador, onde tudo começou, na baía de todos os santos, hoje já não são mais vistas.

Vale a pena uma visita sede do Projeto Baleia Franca, na praia de Itapirubá e, em Imbituba, na última armação de SC, hoje transformada em Museu da Baleia.  Maiores informações você encontra no site do Projeto.

É importante ressaltar que os tubarões são as baleias da vez, mais de 100 milhões são pescados por ano, pense nisso antes de fazer uma moqueca de cação!
Para saber mais:

·         Projeto Baleia Franca
Praia de Itapirubá – Imbituba
·         Assista no Animal Planet o programa WHALE WARS – DEFENSORES DE BALEIAS

·          Entre no site http://seashepherd.org.br/baleias/

·          para saber mais sobre a situação dos tubarões www.facebook.com/diversforsharks
·         Para se divertir um pouco acesse o vídeo do Roberto Carlos cantando....





[1] Castellucci Junior, Wellington. Caçadores de Baleia – São Paulo: Ed. ANNABLUME, 2009.


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